As luzes da cidade formavam pequenas chamas de velas ao longe. O anoitecer estrelado olhava para ela. Ali, em cima da ponte, seus olhos corriam de um lado para o outro, acompanhando as luzes dos semáforos acesos. Não havia ninguém naquele momento, nenhuma companhia, apenas aquele sentimento falho de derrota. Em seu coração repleto de solidão, onde a loucura alcançava lugar e o medo lhe corroia noite e dia, ela tinha tomado sua decisão.
Com os braços abertos, esticados longe do corpo, a cabeça erguida aos céus e os olhos agora fechados, ela respirou a noite fria; fazendo com que a escuridão de dentro e fora fossem misturadas.
Em um instante de contemplação pôde perceber o quanto doía continuar ali – entre tudo e todos, sem para onde correr, sem ter como agir, em um caminho incerto entre o ser e o não-ser, em um torturante destino de incertezas.
Enquanto sua mente sobrevoava todos os caminhos desejáveis, sua alma implorava o único caminho.
Em seu mais profundo desespero, enquanto sua última lágrima rolava solitária em seu rosto, tomou sua decisão final; tombou seu corpo para frente e pôde sentir o sabor da queda.
Ela era doce, cheirava à ternura.
(Mariana Montilha)
3 comentários:
Que lindo!
E que saudade de você.
Beijos
Eu não sei como que esse comentário foi parar aí, sendo que foi hoje que você postou e eu comentei mês retrazado.
Enfim, eu fiquei imaginando essa cena toda e senti o cheiro de ternura.
Um beijo!
até momentos de perda podem ser bonitos.
e sim, somos burros apaixonados.
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