segunda-feira, 29 de novembro de 2010

momentâneo.

Firmados os dois pés em areia movediça e um sorriso estampado no rosto.

domingo, 28 de novembro de 2010

Como poderia?

Você poderia fechar seus olhos em meio a um silêncio imaginário e pisar na água salgada do mar? Quantas vezes foi capaz de olhar além do reflexo nítido do espelho e enxergar mais do que simples rostos? Contar cada poro do corpo de outros?

E seus sorrisos. Contou cada um deles? Enquanto olhos chamuscados de neblina fria enchiam-se de sentimentos. Brilhantes.

Quem é que pode conter as respostas cortantes que saem à meio fio? E cada um dos atos que as fazem quebrar. Quem já foi capaz de olhar ao lado e encarar os olhos que te vigiam noite e dia?

Já pôde se sentir caminhar sozinho? Em uma estrada sem fim visível, passo após passo, por entre a escuridão, entrecortada de feixes de luz, vindos de luminárias estendidas pelo ar.

(Mariana Montilha)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

[...]

Vejo-te naquele ontem ensolarado de sorvetes derretidos, sinto tua falta neste hoje dolorosamente chuvoso, ouço teus suspiros ao telefone no amanhã de tempestades nebulosas. E preciso, apenas isso. Com uma necessidade que não deveria existir, por um momento que nenhum de nós esperou. Encontros desencontrados, que se acharam. Feridas que jamais se fecham. Passos e mais passos que nos arrastam para longe do abismo. Que era certeiro.

(Mariana Montilha)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

tempo de sonhar.

Em todo o seu ser... Que já viu, que já sentiu, que já existiu. Perguntava-se agora, então, como poderia viver; viver ali, e esperar, naquele lugar de solidão, calmaria, silêncio repleto de medo e sombras. Imensidão banhada em azul claro, azul escuro. Águas torrenciais que batiam em meio fio, e corriam por entre peles e poros de solidão, escorriam em corpos quentes. Sem as batidas constantes do tambor, sem os gritos ondulantes das cordas, que berravam em lugar nenhum, rangendo dentes de aço em nylon. Quis, em seu mais profundo desfoque de desejo humano, quis algo além daquilo, além do ser, além do ter, além do ver, o algo mais de qualquer lugar, de qualquer parte, de qualquer esquina ao luar. Que não jogasse, que não lutasse, que berrasse inconformidades. Que não se escondesse entre linhas. Não! Que jamais voltasse. Mas que, ao tornar-se tão sã, como vinha sendo desde então, não lindo, límpido como água morna, que escorre. Não que surgisse em pensamentos, dia após dia. Não que lembrasse em memórias próximas, não, jamais. Esgotaria-se, em gotas de tempo, aquele mel flamejante, cor de ouro em brasa. O novo. O algum. Nenhum. Todos. Ninguém. Alguém.


(Mariana Montilha)