quarta-feira, 10 de novembro de 2010

tempo de sonhar.

Em todo o seu ser... Que já viu, que já sentiu, que já existiu. Perguntava-se agora, então, como poderia viver; viver ali, e esperar, naquele lugar de solidão, calmaria, silêncio repleto de medo e sombras. Imensidão banhada em azul claro, azul escuro. Águas torrenciais que batiam em meio fio, e corriam por entre peles e poros de solidão, escorriam em corpos quentes. Sem as batidas constantes do tambor, sem os gritos ondulantes das cordas, que berravam em lugar nenhum, rangendo dentes de aço em nylon. Quis, em seu mais profundo desfoque de desejo humano, quis algo além daquilo, além do ser, além do ter, além do ver, o algo mais de qualquer lugar, de qualquer parte, de qualquer esquina ao luar. Que não jogasse, que não lutasse, que berrasse inconformidades. Que não se escondesse entre linhas. Não! Que jamais voltasse. Mas que, ao tornar-se tão sã, como vinha sendo desde então, não lindo, límpido como água morna, que escorre. Não que surgisse em pensamentos, dia após dia. Não que lembrasse em memórias próximas, não, jamais. Esgotaria-se, em gotas de tempo, aquele mel flamejante, cor de ouro em brasa. O novo. O algum. Nenhum. Todos. Ninguém. Alguém.


(Mariana Montilha)

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