segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Risca de Giz

A monotonia do dia-a-dia não te deixa pensar,
Eles te calam, amordaçam.
É sua vez de jogar.

Rolam os dados,
O sangue em suas veias, corre mais rápido,
É sua vez de lutar.
Por favor, não fuja, vá à luta.

A venda em seus olhos te impede de enxergar;
O desespero, o caos;
O ódio em seu lugar.

Você grita, se debate,
Mas eles riem de você.
Você é forte, você vai quebrar.

Enfiando ferros fundidos em sua mente,
Eles te dizem o que fazer.
Agora você é o brinquedo do momento,
Agora você é o robô.

Máquinas com imagens te dizem
O certo e o errado.
A voz maçante do locutor,
Não te permite pensar.

(Mariana Montilha)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O quadro.

O homem pintado em tinta a óleo em um quadro pendurado na parede sorri para você, mostrando os dentes desenhados. Seu olhar falso, seu sorriso cínico. Como confiar? Aquelas palavras chegam, transformam-se em frases distantes, irreconhecíveis. Os sussurros estalados são os mais completos poemas de amor. Mas é tudo mentira - assim como o próprio homem, que é apenas de tinta seca, feito há anos atrás -, não passam de palavras jogadas ao vento, sem qualquer sentido real. Cada movimento é fatal, cada olhar pode destruir montanhas.
E nesses momentos de palavras vazias, o locutor se entristece mais e mais. Ele está sozinho novamente. O quadro continua sua narrativa infeliz... Aos berros.
O quadro está no chão, sua moldura de madeira quebrada em lascas. Os cacos de vidro espalhados pelo chão. Como se não bastasse... A imagem do homem de tinta está aos pedaços, rasgado para a eternidade. Mas ainda é possível reconhecer, em um pedaço rasgado da pintura, seu sorriso cínico. Ele venceu novamente.

(Mariana Montilha)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Quem sabe?

Todo esse coração que bate;
Toda essa hora que não passa;
Toda angústia guardada à sete chaves.

A razão de tudo isso, ninguém sabe.
Ela não fala com ninguém.
Ela não está, ela não responde,
Ela só respira.

A cada piscar de olhos,
É uma morte interior mais forte.
Ela se refugiou em sua mente,
Ela correu de seus caminhos.

Olhos fechados para o destino,
Tentando alcançar o passado,
Quem sabe ela não muda?
Quem sabe ela se recompõe?

Ela tem o olhar perdido em melancolia,
O vazio devastador que a preenche.
Seus pulsos estão cortados,
Seu sangue pinga no chão.

Onde está seu interior?
Onde está sua alma?
Ela não se lembra onde os largou.

(Mariana Montilha)