sábado, 20 de dezembro de 2008

Sussurros estalados.

Você pode fazer suas próprias regras,
Ir contra aquilo que vos dizem os sábios
E redigir seus momentos.

O coração. Ah, o coração!

Tão forte ele bate, quanto ressoa,
Aqui, ele se despede. Aqui ele se vai,
Aqui, tão fraco sussurrado ao canto.

Em memórias de nós mesmos,
Os suspiros vão e vêm,
Os sussurros nos embalam,
E as tristezas que se salvam.

Lágrimas sempre vêm,
Eu vejo a sujeira no espelho limpo,
Eu vejo o caminho sendo guiado,
E, no entanto, jamais seguido.

Os caminhos que se encontram. Desencontram!
A arte, o caos, as ações!
Estranhos embalados pelo som,
Vozes assanhadas por discussão.

O vai e vem sem fim,
O que há de mim?


(Mariana Montilha)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tudo, tudo, tudo.

Cadê você que tudo tem? Que tudo pode?
Que tudo grita, que tudo quer?

Onde estará, onde estará?

Meu bem amado, espalhado pelo chão.

Você que aqui ressoa, você que aqui me pede,
Você que aqui se encontra.
Que mal haverá? Que mal pode haver?

Entre as garras do mundo, eu ouço saudade.
Entre as vozes de todos, transpiro emoção,
Quaisquer que sejam. Oh, inquietação.

Insistente inquietação.
Ansiedade. Angústia. Aflição.
Desespero, loucura, escuridão.

No despertar de nós mesmos,
Quanto tempo eu o aguardo, oh maleficência,
Estranheza de meu coração!


(Mariana Montilha)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Entrementes.

Eu vi flocos de neve caírem,
Um após o outro, como um manto encantado.
Vi a tristeza se confundir ao branco
E os sonhos despedaçados.

Lembro-me da energia e da intensidade,
E de quando me bateu a saudade.
O floco de neve parou,
Junto ao meu coração dilacerado.

A história contada não condiz com a verdade,
A cena de amor e ódio,
O ópio do medo e horror.

O pesadelo sem fim,
Os momentos passados,
E os instantes entrecortados.

Já não faz mais sentido,
Qual o prazer e a dor?
Qual o motivo do amor?

Eu vi a chegada do céu,
E ainda me lembro de seu ardor,
Mas nós estivemos calados,
Sempre!


(Mariana Montilha)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Velocidade.

Memórias de uma vida inexistente,
Recordações ainda não vividas,
Acasos que não passam de simples acasos,
E os sinais de um sentimentalismo barato.

É o que me mata!
Sufocando-me durante a noite,
Em uma escuridão sem fim!

Em cada esquina que eu virar,
A cada passo que eu der rumo ao futuro,
Em cada momento de existência medíocre,
Eu quero você ali, comigo!

Apontando-me o caminho,
Sussurrando em meus ouvidos.
Versos bonitos, prosas esquecidas.
E a sensação de que tudo faz sentido.


(Mariana Montilha)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Matéria Inorgânica.

Sou folha de papel amassada,
Rasgada em tiras desproporcionais,
Por alguém que quer ver o momento passar.

Sou pedra sendo jogada ao lago,
Eu afundo, em suas profundezas.
Sem credo, sem destino, sem esperanças.

Sou um livro na estante mais alta,
E talvez eu não tenha um bom conteúdo,
Nem boa capa, nem boa letra...

Talvez eu tenha sido queimada,
E esquecida na fogueira... e as letras que
Compunham minha história,
Foram todas derretidas...

Eu sou aquela lágrima,
Que escorre solitária e silenciosa,
Enquanto o coração grita por atenção.

(Mariana Montilha)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O peso de viver.

O que eu trago em meu coração,
O que eu carrego em minha mente,
Ninguém pode mudar!

Eu sou como um quadro,
Sendo pintado em tinta óleo,
Que demora pra secar
E é manchado pelo tempo.

Eu sou aquela fina gora de chuva
Que escorre pela janela,
Chega ao final e morre, desaparece.

Eu sou a estação do frio e ventania,
A que traz neve, mas esquenta corações,
Sou a que brinca de guerra de travesseiro,
Quando o que realmente quer é chorar.

E meu coração se desfaz a cada segundo,
Estilhaçado, em mil pedaços.
Mas ele continua pulsando,
Rápido, forte, teimoso.


(Mariana Montilha)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Inconstância.

Pessoas, momentos, histórias.
Quando a vida passa, quando as pessoas se vão...
Quando as lágrimas já não são suficientes.
Acasos que me ajudaram a ser quem sou hoje.

Minha força interna estremece,
Ela tende a cair.

Os desenhos formados pelos pingos da chuva na janela
Lembram-me de uma época de risadas e felicidade,
Elevam-me à outro mundo, outra realidade.
Mas os sons de passos me trazem a tona!

Eu quero ser livre, eu quero viver!

A balança lá em baixo, indo de um lado para o outro.
As flores e os sorrisos dados naquele lugar!
Promessas ditas no silêncio.
Lembranças que jamais serão esquecidas.

Pessoas que nunca se irão de nossas mentes.

O reflexo que vejo em seus olhos me lembra da vida,
Aquela que sonhamos juntos, a que perdemos ao acordar.


(Mariana Montilha)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Instantes.

Meu coração é a raiz da morte,
A gora na chuva, o trovão!
Uma pessoa comete suicídio, outras duas,
Fazem amor. Qual a explicação?

Se há a vida, se há a morte,
Elas insistem em serem contadas.
Que vidas se perderam no caminho?
Quais seus motivos?

Sonhos criados em preto e branco,
O mar em fúria,
A distância entre sentimento e razão!

O buraco negro no centro do meu universo,
Ele cresce, tão imponente, assustador!
O que há de errado com minha alma?
Se eu ainda não a estudei, não a conheço!

tantos “eus”,
E eles são tão variados quanto um minuto,
Você me faz rir pra logo em seguida chorar,
Você é o único que me faz sentir assim,
Não há como disfarçar.

(Mariana Montilha)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Conto.

Esse é o meu primeiro conto, não tem nome, mas como diria Shakespeare "é um conto, contado por um idiota, cheio de barulho e fúria, significando nada":

O vento frio batia em seu rosto. Finas gotas de chuva caiam leves sobre si, fazendo os pêlos de seus braços desnudos se arrepiarem.

O vestido preto acentuava suas ondas curvilíneas. Os olhos castanhos contornados por uma forte maquiagem escura. Cabelos pretos caíam em camadas sobre os ombros, fazendo cachos descuidados nas pontas. Lábios cobertos por uma espessa camada de batom vinho tão escuro quanto todo resto, tão escuro quanto sua alma. O que fazia um grande contraste com sua pele; pálida, suave, branca como a neve.

Marybeth. Esse era seu nome.


Não havia lágrimas, não mais, elas haviam se esgotado, não restara nada. Nada de lágrimas, nada de futuro, nada de vida. Tudo havia se acabado.

Seu olhar estava vidrado no caixão, mas notava-se que não o enxergava realmente, sua visão estava muito além, passeava por lembranças enterradas, distantes, quase esquecidas. Lembranças que voltavam à tona para sua tortura, seu martírio. Sem aquilo seu mundo seria um erro.

Vozes, gestos, palavras ditas quase em sussurros, medos, momentos, tudo.


O mundo girava, pessoas falavam, mas ela não ouvia. Ela não estava realmente ali, sua alma vagava em algum lugar distante do passado, onde houvera histórias para contar, onde o mundo havia sido mais bonito, onde a vida havia sido vivida.
Ela via o caixão negro descer reluzente. Passando pela terra molhada e vermelha. Vermelha como seus sonhos inacabados, vermelha como a tristeza de não o ter mais consigo, vermelha como o mundo que lhe era negado. Mas não chorava. Nunca chorava. Podia-se ver o medo em seus olhos, o cansaço, a tristeza profunda, a melancolia que levava ao desespero, a amargura de uma eternidade vivida sem ele, a confusão de sentimentos doloridos, mas lágrimas não eram vistas.

Jamais.



Não encontrava coragem para olhar em volta. Não queria ver todos chorando em suas falsas tristezas, não podia. Aquela falsa melancolia, aquelas falsas lágrimas.

O mundo se abria sobre seus pés, ele desabava. Um lugar sem fim, sem destino, sem medos ou delírios.

Mas o caixão continuava ali, descendo para sempre, num destino certo. Um dia tudo aquilo sumiria e nada mais importaria. Mas e ela? Tudo que passava por sua cabeça é que nunca mais seria capaz de sentir alegria, jamais conseguiria sorrir novamente. Depois daquilo o mundo acabaria, não haveria mais importância.

O medo a corroia como um veneno.
Lento. Forte. Medonho. Catastrófico.

E o frio, aquele frio de morte, aquele frio assustador, aquele frio enorme, que não se acabava, não diminuía. Não o frio do tempo, mas o seu frio interior, aquele que a matava aos poucos. Aquele que fez seu coração congelar, junto com pequenos destroços de bons sentimentos.

Era tudo o que sentia naquele momento: o frio.

Estava cansada, cansada de sobreviver, cansada de que a deixassem ali, de lado.
Mas e a vida? Como a vida continuaria assim? Como o mundo resistiria? Não conseguia imaginar como poderia haver pessoas em lugares do mundo que ainda pudessem demonstrar felicidade naquele momento, elas não deveriam estar felizes. Deveriam estar ali, compartilhando aquele vazio profundo que era exalado por sua respiração. Aquele vazio na sua alma, aquele buraco negro que havia sido formado dentro dela. Aquela sensação de que faltava algo.

O mundo parou de girar. As pessoas já não sorriam mais, não se comunicam, não são felizes. Era isso que sentia. Todos buscavam a felicidade como loucos, passando por cima uns dos outros, mas a realidade é que ela, a felicidade, era inalcançável. Ninguém podia tê-la, ninguém podia senti-la. O que existia, na realidade, era aquela falsa serenidade, aquela falsa sensação de que estava tudo bem, de que iria sobreviver.

Mas agora nem isso!


Aquele era seu mundo, era onde passaria o resto de sua vida sozinha. Sem aqueles lábios quentes e chamativos, aqueles toques imponentes, distintos. Sem o desejo explícito naqueles olhos, a raiva contida, os momentos de loucuras que jamais voltariam.

As risadas, as lágrimas, os sorrisos, os brilhos nos olhos, o respeito, o carinho, o amor.

E os momentos de felicidades deixados para trás, no passado de uma história real, de risadas e paixão. Um passado que, distante, deixava saudade, lembrava tristeza, fazia esperança. Ele não estava mais ali!


Ela sentiu um toque em sua mão, o toque macio de uma mão pequenina, uma mão que pedia proteção e carinho, aquela mão que ia salvá-la do fim dos tempos.
Finalmente desviou o olhar do caixão e olhou para baixo, para o lugar de onde vinha a mãozinha. Era um menininho de cinco anos, era o seu menininho. Ele a encarava com aqueles grandes olhos verdes, olhos que costumavam ser de descoberta e triunfo, mas que agora não passavam de tristeza. Ela deu um sorrisinho para ele, como que para confortá-lo, mas ele não se mexeu, pareceu nem sequer perceber, continuou encarando-a com os olhos marejados.
Não agüentando mais, abaixou, pegou o menino nos braços e se encaminhou até um banco próximo. Sentou-se com ele em seu colo, virado de frente para ela. Foi então que ele disse com aquele ar inocente:

- Eu nunca mais vou ver o papai?


Ela olhou no fundo de seus olhos. Não era necessário responder com palavras, os dois se correspondiam pela alma. E finalmente ela pôde se sentir livre para chorar, sentiu as lágrimas vindo, sua garganta se apertando, seu coração sendo estilhaçado.

domingo, 26 de outubro de 2008

Desajuste.

Não importa quem eu seja,
O modo de agir,
Ou os instintos desconhecidos.
Quem eu sou, nem eu mesma sei-o bem.

Há uma força estranha,
Um eu que me empurra,
E tantos caminhos. Qual será o meu?
Em qual me perderei?

Se alguém me encontrar,
Por onde estarei?
Vagando em que mundo, em que vivência?

Se o caminho a seguir é longo de mais,
Se histórias se cruzam,
E vidas se confundem...

O estado maligno de confusão,
O fato de não se saber, não se entender.
O motivo certo,
O momento errado.


(Mariana Montilha)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Silêncio Disfarçado.

A vida passa em um segundo,
A eternidade passada em um momento,
Quantos nós somos? Quem seremos nós?
Onde estão os segredos?

E não há respeito, não há paixão!
Que sentimentos?
Que confusão!

Estranhos que acenam,
Passos que se vão,
Sombras que se movimentam,
Vozes que me guiam, estranho sem razão!

A instabilidade, a insegurança.
Seremos ainda passados?
Que demora de nossos futuros!
E quanta desgraça, quanta desordem!

O mundo que não é mundo, que não gira!
A filosofia de uma vida,
O caos transformado,
E a vida, uma euforia!


(Mariana Montilha)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A tristeza repartida.

Meu coração foi partido em pedaços,
E você me pede desculpas,
Mas qual deveria ser minha reação,
Se o meu mundo parou de girar?

Quando o mundo pára,
Qual deveria ser o movimento correto?
Quem vai nos perdoar por momentos perdidos?
Quando nos sentiremos livres novamente?

Um dia nós iremos todos para baixo,
E você me pedirá perdão,
Mas então será tarde demais!
Nossos sonhos nos encontrarão,
E continuarão nos enganando.

Sua vida se perderá,
Seu conjunto vai se desfazer.
Tão forte quanto antes?


(Mariana Montilha)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Nós co-existimos.

Existe um modo de nos comunicarmos pelo brilho do olhar,
Aquele modo terno de se preocupar, de sentir.
De entrar em contato, de estar presente.

Você me encara e chega mais perto,
Seus olhos refletem meus sentimentos,
Nossas mãos se encontram, se entrelaçam,
Elas viram uma só.

Agora suas mãos estão em minha cintura,
Então você encosta sua testa na minha e fecha os olhos
Balbuciando versos incompreensíveis a todos,
Menos a mim!

Há certa diferença entre nós,
Ela é submersa, quase transparente.
Ideologias, propósitos, lutas!
Nós somos tão diferentes e tão iguais.

Você volta suas mãos de encontro às minhas,
E me puxa, diz que quer dançar.
Coloca uma música,
A nossa música.

Eu me derreto por você, eu não tenho forças para lutar!

Você me dá um beijo no pescoço, eu fecho os olhos,
É mais fácil se permitir sonhar de olhos fechados.
Você sobe, beija minha orelha, sinto-me arrepiar.
A bochecha, o queixo, o nariz, a testa,
A boca!

(Mariana Montilha)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Às escondidas

Eu entrei em um caminho sem volta,
Abdiquei aos meus desejos,
Meus sonhos tornaram-se distantes.

Nós nos tornamos reais,
E eu sou louca por você!

Me contorço de saudade,
Me exprimo de tristeza
E continuo existindo,
Sobrevivendo em lutas.

Sem você eu não sou nada,
Sem você eu não existo.

São apenas pequenos detalhes,
Mas minha vida é composta por eles,
Nossos caminhos também.

Olhe em meus olhos,
Enxergue a tristeza que ninguém vê!
Mas é claro que eu não vou chorar,
É claro que vou continuar me fazendo de forte.


(Mariana Montilha)

sábado, 27 de setembro de 2008

Vida e morte.

Minha vida é uma história chamuscada,
Prestes a ser narrada.
Por alguém que ainda sonha.

Meus traços são escritos,
Em letra corrida,
Em garranchos da vida.

Meu papel foi amassado
E jogado ao fogo,
Alguém recolhe minhas cinzas.

Mas eu ainda insisto em me contar
A história de uma vida escondida
De lutas, perdas e mentiras.

Onde estamos novamente?
Com que freqüência nós nos tornamos reais?
Quanta luta ainda há para ser vencida?

Mas minha linha ainda não foi preenchida,
E eu aguardo angustiada,
O fim da minha história.
O fim da minha vida.


(Mariana Montilha)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Abstrato!

E se eu me apaixonasse?
E se dissesse que te amo?
O que faria? Reagiria?

Nós somos tão iguais,
Tão diferentes,
Tão distantes e tão próximos.

Nossos caminhos se cruzam,
E nós continuamos nos escondendo.

Esse jogo sem fim,
De obsessão e morte.

Será medo?
Qual a razão desse amor?
Desse disparo agonizante de meu coração?

Neste mundo de sonhos, de fantasias.
Momentos que vem e vão.
Qual a real razão disso tudo?
Por que nós continuamos andando?

O que nós fizemos com nós mesmos?
Agora não dá para fugir.
Controle-se, arrume um jeito.

Você virou minha razão,
Minha obsessão.


(Mariana Montilha)

domingo, 21 de setembro de 2008

Inconstante.

Seja ponderado,
Não se misture,
Se iguale, controle-se!

Não seja diferente,
Não tenha idéias próprias,
Não lute, não se rebele!

Agonize!

Não viva, sobreviva.
Não corra riscos,
Não seja você mesmo.

Esconda, proteja-se.
Seja só mais um.
Não se abale,
E não busque a verdade.

Grite!

Agora morra,
E não tenha vivido.


(Mariana Montilha)

sábado, 20 de setembro de 2008

Se eu pudesse te ter.

Vejo os segundos a passarem como horas,
Eu espero, incansavelmente,
Por um alguém que não vem, um alguém que me falta.
Um pedaço meu.

E não passa sequer um dia sem que eu não pense em você,
Sem que meu corpo não aclame por suas mãos,
Sem que meu coração não implore sua alma.

Mas eu me recordo de tudo!
O primeiro beijo, a primeira troca de olhares.
O meu coração pulsando incontrolavelmente.

As palavras encantadoras.

E é difícil falar da terrível delicadeza disso tudo,
A promessa não dita,
Os sentimentos expostos em brilhos de olhares.

E as estrelas, que eram todas amarelas.

(Mariana Montilha)

Nota: este foi escrito para alguém especial. ♥

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Momentos Intermináveis.

São os pequenos momentos as nossas dádivas,
Eles nos compõem e nos completam, os pequenos detalhes.
E nossas vidas são tecidas por eles,
Um abraço, um sorriso, uma troca de olhares,
O momento exato em que as mãos se encontram,
E aquele calor que sobe em seu peito...
As borboletas no estômago, voando desesperadas,
Pedindo para serem libertadas.
O toque dos lábios, os carinhos...
O coração que já não bate, os músculos que já não lutam,
O assustador motivo da luta,

O sentimento aflorando,
E por mais que haja esforço,
E você já não pode negar que sente aquilo,

Você já não pode esconder de si mesmo,
E o inabalável peso daquele sentimento.


(Mariana Montilha)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Paixão.

Por que vinde a mim se nada me dizes?
Diz-me qual é teu sabor, me deixa te provar!
Deixa-me sentir teu cheiro!
O cheiro de amor dado, de amor correspondido.

Deixa-me sentar em teu colo,
Deixa-me adormecer em você, vem me ninar.


Naquele nosso mundo de sonhos,
Onde não existe mais nada, mais ninguém.
Onde pessoas nos abandonaram, onde somos apenas nós.

E aquele sentimento arde, eu grito!
Eu já pedi socorro, eu já tentei me salvar, já tentei me livrar,
Mas nada adianta, apenas ter você ao meu lado.

(Mariana Montilha)

sábado, 13 de setembro de 2008

Evolução.

Eu passei por muitas mudanças.
Minha mente já não é a mesma,
Eu já não sou aquele mesmo eu!
Minhas tristezas são ainda mais profundas,
Mas meu coração pulsa do mesmo modo!
Minhas dores continuam se extravasando junto à poeira do tempo
E eu continuo confusa, perdida em um mundo de conto de fadas,
Onde os bons já não sobrevivem,
Onde os dragões cospem fogo nas princesas,

E as páginas escritas das histórias estão queimadas,
As crianças já não acreditam, o mundo é cruel.

(Mariana Montilha)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

São tantas verdades, tantas mentiras.

Permita-se viver intensamente!

Sonhe com a arte,
Sinta a alma das pessoas,
E olhe em seus olhos,
Perceba suas alegrias e suas tristezas.

Pare. Pense. Reflita.

Qual é o caminho é seguro?
Nós somos feitos daquilo que nos permitimos ser,
Somos nossos próprios inimigos e heróis,
Somos as escolhas que fizemos,
Somos o que queremos ser,
E aquilo que nos deixamos acreditar

Sonhamos com mais, vamos até o fim.
Nossos ideais são nossas pilastras,
Eles nos sustentam, eles não caem,
Temos nossos próprios princípios e nossos próprios caminhos

Nós acreditamos. Nós lutamos. Nós sobrevivemos.
Mas nós existimos?

(Mariana Montilha)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O nada

Eu sou uma tela em branco sendo preenchida,
Sou alguém que veio ao mundo sem rumo!
Meus ideais estão mortos,
Minhas realidades, perdidas...
E eu continuo me pintando.
Bordando meu contorno com a agulha do tempo,
Sendo eu mesma por várias vidas.
Aquele meu eu passado que já não existe!
Meu eu futuro ainda está na máquina,
O meu agora é o tudo e o nada!
Eu sou uma frase incompleta,
Sou as lacunas vazias de um poema perfeito,
Uma obra de arte mal acabada.

Sou os sentimentos de alguém que amou.

(Mariana Montilha)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Meus próprios medos.

Falta um pedaço meu, eu sou incompleta, imperfeita! Eu sou aquilo que as pessoas evitam para não se machucarem. Sou a que tem os sentimentos mais profundos, mais sinceros! Minhas verdades são reais demais e minhas mentiras também. Meu mundo acaba e volta a existir em fração de segundos. Meus sentimentos surgem e se extinguem mais rápido ainda. Meus medos, âncias e sonhos me assustam. E eu tenho medo, muito medo! De tanta coisa, de quase tudo. De rejeição, de me machucar, de me perder. Eu sou cheia de medos bobos e infantis, cheia de inseguranças. Odeio quando me descobrem, quando me decifram, odeio parecer insegura aos olhos dos outros. Odeio a indiferença e a antipatia quando dirigida à mim. E o ar esnobe de algumas pessoas.

(Mariana Montilha)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um vazio de exceções.

Sou toda contradições;
Meu desespero é passageiro,
Minha felicidade não é duradoura.
Meu coração explode de raiva,
Minhas estações não possuem divisões.

Sou um boneco empalhado
Um coração que parou de bater
Minha alma se dilacerou,
E minhas crenças exigem não haver.

Minha atenção é espatifada, meu bom humor desaparece,
O simples se torna composto,
A verdade suprema se torna vulgar;
Meu esquecer agora é irremediável!

Os meus sentimentos se estilhaçaram,
E é comum ver gente me encarando,
Meus sonhos foram estraçalhados
Minhas funções se resumiram a cinzas.

O mundo parou, o ar mudou;
O dia escureceu, a noite clareou!
As marés já não passam,
Meus mundos se encararam.

A dor que eu senti já não me incomoda,
Os dias são esquecidos em cantos empoeirados,
O sofrimento me invade em segundos,

Mas não fico nos estreitos, só sobrevivo em extremos.

(Mariana Montilha)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Da vida, do mundo!

SIM!
Talvez o mundo esteja girando demais
As coisas já não são tão tristes,
Os sorrisos contagiam, o mundo grita!

É cedo,
A vida caminha em passos largos,
O destino aproxima-se lento, como tortura.
É tarde demais!

O mundo desaba, desaparece.
Flores desabrocham pelo caminho
E o som de sua voz se faz ouvir
Não mais que um sussurro!

Diga-me, diga-me que me ama!
É um suplício, um martírio,
Um mal necessário, a onda que nos eleva,
A tristeza profunda.

Não se mente para si mesmo,
O coração sente, ele entende!
Não adianta mentir, esconder, violar o sentimento!

Ele volta, fica insuportável, insuperável!

(Mariana Montilha)

domingo, 27 de julho de 2008

Inviolável!

Você não me conhece, não me enxerga, nem me vê...
Não me ouve, apenas escuta.


Nós não somos felizes, nós apenas estamos aqui!
Sem motivo, sem expectativas, sem significado.

Somos feitos de vergonha e desespero,
Tentamos ser bons, mas nunca é o bastante!

E eu sinto muito, sinto muito se não era o que você queria,
Sinto muito se não respondi às suas expectativas,
Mas eu não vou mudar!
Nem por você, nem por ninguém...

Ninguém irá tirar o que há dentro de mim,
ninguém vai me violar!

(Mariana Montilha)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Incógnito

E todos os nossos dias passados tornaram-se algo estranho, insubstituível.
Sonho com a alegria que não posso ter,
A felicidade que me é negada,
O mundo dá mais voltas do que se espera,
As pessoas mais doces tornaram-se arrebatadoras,
Os modelos mais difíceis tornaram-se os mais baratos,
Os monstros mais medonhos tornaram-se banais,
Os sussurros mais esperados já não são como eram,
Os dias voam e as horas passam como brasa,
Os minutos já não existem, os segundos são pequenos demais.
E nada, nada é como já foi, nada ainda é, tudo se foi.

(Mariana Montilha)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Memórias de mim mesmo

E um dia sem você não vale a pena,
É como se não existisse, não fosse vivido.
Como se não houvesse razão, nem explicação,
Meu mundo se acaba, ele não é forte o suficiente


Somos passado e presente
O futuro não cabe aqui, sombrio e sujo, quase vulgar.

O silêncio toma conta de meu corpo,
Meus gestos já não são controláveis,
Meus medos, minhas âncias de você, minha razão.

Tudo muda, tudo some, tudo se transforma.
Mas eu vou continuar aqui, parada, imóvel, inoperante, em meu lugar,

Esperando os dias passarem, a vida voar.

(Mariana Montilha)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Meus vários eus

Neste momento sou a chuva leve,
Minhas gotas deslizam pelo teu corpo, me atrofia.
Suas curvas moldadas pela cantoria,
sigo caminhos ainda não descobertos.

Sou, talvez, o lado mesquinho,
E mudo teu caminho

Sou agora um poema inacabado, interrompido;
escrito em papel queimado; achado no lixo;
penetrante como perfume francês;
de fácil pronunciação, porém ainda incompreendido.

Sou, então, uma canção cantarolada baixinho.
Pronunciadas de seus lábios para meus ouvidos.
Pêlos aguçados, suas raras gargalhadas, seus raros sorrisos.

Fotografo momentos na memória,
revejo-os todos os dias, todos os momentos.

Sem você sou incompleta, sem tempero, metade, infeliz.

(Mariana Montilha)

domingo, 20 de julho de 2008

Sobre Sentimentos

E não há nada, nada tão profundo quanto aquele sentimento que me perturba dia e noite, me eleva e me abala.
Passo o dia a esperar algo que não sei, algo que não vem.
Meu desespero cresce e continuo a esperar, cada coisa em seu lugar.

As horas arrastam-se lentamente,
De repente os minutos não são mais minutos,
E os segundos se tornam pequenas torturas.
Sentimentos se confundem, me rasgo, me jogo, me quebro.
Não sou mais eu, não dependo mais de mim, apenas jogo o jogo.
Mas ele se vai, e sobram apenas sombras, redemoinhos que giram e destroem.
E se no final as coisas piorarem, serei apenas um rastro de poeira daquilo que me permiti ser.

(Mariana Montilha)