domingo, 31 de janeiro de 2010

Um quarto de si mesmo.

Quando você acordar deste sonho aterrador, não se esqueça de sua mentira interior. Seu próprio relato de infelicidade que, muitas vezes, perdeu-se no espaço vazio entre a verdade e a mentira. A falta de sentido carregada em cada palavra dita, cada letra rabiscada em papel passado, sujo e tingido de amarelo pelo tempo; cada uma das lições aprendidas e grifadas em seu cérebro cheio de espaços em branco, pronto para serem preenchidos.

(Mariana Montilha)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Peças Perdidas.

Eu quero a simplicidade e a delicadeza. O que me faz feliz é a sutil realidade dividida em pedaços. O trecho desnecessário.

A voz do silêncio acima de nós, que nos faz voar para longe de nós mesmos.

Mas você disse, uma vez mais, aquelas palavras vazias que o vento leste empurrou para longe. Sussurradas contra o vidro da janela embaçada, onde gotículas de água da chuva escorriam como lágrimas perdidas, formando desenhos tristes.
E sempre houve tanto querer, sem sequer poder. Você se dopa sem ver, procurando, desesperadamente, não ser.

(Mariana Montilha)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sem Significado.

Nesta época de incríveis revelações, não existe mais o que esconder... Você não é você... Você é o que não existe. É aí, então, que você se descobre na escuridão, escondido nas profundezas de sua própria mente insana. Como um traidor. Como aquele sem história futura, que atira em si mesmo, no esplendor.
As palavras sussurradas em uma língua irreconhecível, chegam inutilmente aos ouvidos cansados de palavras sem significado. Com as mãos, afasta-as, pedindo que parem o entorpecimento. Implorando. Mas suas mãos tão fracas, encontram-se amarradas novamente, enquanto se debate no breu, pedindo, silenciosamente, por libertação.
Você se encontra no incrível estado de inconsciência, pela primeira vez, sem saber o certo ou errado.

(Mariana Montilha)