segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

meias palavras de desabafo.

Não entendo o motivo de algo que deveria ser tão puro, machucar tanto.... Tantas vezes.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Rastro de poeira.

Os pedaços deixados pelo chão, manchado como um rastro de vida não vivida, fizeram-na morrer novamente. Despedaçada mais uma vez. Quantas vezes mais? Em quantos pedaços seria possível alguém se quebrar? A platéia se levantou e aplaudiu mais uma vez. Sorrisos que lembravam desespero se soltavam de seus rostos. E ela sempre soube o que fazer, mas suas ataduras estiveram tão apertadas em volta de seu coração, tampando sua circulação, que hoje ele mal consegue pulsar por ela. Respirando com dificuldade, ela sorri para a platéia de falsos admiradores, enquanto, por dentro, inunda-se em água turva. Tingida de marrom escuro, como barro, toda água sobe aos seus olhos tampados com a fita adesiva que alguém utilizou para concertar uma boneca quebrada. Guardou toda a água dentro de si sabendo que aquilo lhe daria uma terrível dor de cabeça, e tentou, mais uma vez, mentir para si mesma, dizendo que tudo ficaria bem, mas ela sabe que não vai. Ela sempre soube. Ela nem consegue mais carregar a mentira.

(Mariana Montilha)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Convergência

... Mas sempre dói tanto deixar quem amamos partir. Ela buscou com as pontas dos dedos as mãos dele, ainda ali, como um refúgio, mas não havia mais qualquer sinal de existência. Seu corpo sabia disso mais do que seus sentimentos que ainda buscavam qualquer modo de acreditar... em qualquer coisa. Olhando para o teto branco, vazio de significado, mas que, antes, guardou em vão, secretamente, dias felizes. Ela sabia que estava de passagem pelo mundo dos sonhos... tentando alcançar o inalcançável... alcançar a felicidade. Virou para o lado e fechou os olhos.
... Mas sempre dói tanto deixar quem amamos partir. Ele buscou o sorriso dela com seus olhos , como refúgio. Sem qualquer sinal de reaproximação. Ele sempre soube disso, apesar de seu corpo e sua mente ainda procurá-la... em qualquer lugar. Sentado em sua cama, encarava a parede fria, que jamais foi capaz de guardar qualquer lembrança, nem sequer conhecê-la. Ele não sabia mais o que fazer em um mundo sem ela... Tentando atingir o inatingível... Atingir a felicidade. À um ponto acima de sua capacidade. Levantou e caminhou de encontro a parede, ficando rente à ela, e encostou sua cabeça ali, enquanto fechava os olhos.
Um mundo os separava, então.

(Mariana Montilha)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Dois em um...

Verdade moderna, mentira completa.

Você mentiu mais uma vez.
Nessa noites estrelada, sua mentira,
Com modos de verdade,
Ecoou para um vazio comedido.

Um vento que passava fez
a mentira ir para além.
Quando a pessoa ouviu...
Que coração partiu?

Quem se foi novamente?
Era tanto pesar.
Mas o distante se aproximava,
O que era falso, real ficava.

Seus passos ecoavam em sintonia,
As palavras em tom ameno
denunciavam a nostalgia.

Qual foi sua verdade em vão?
Onde esteve seu coração?
Indigno de memórias erradicadas.
Quem se importa, então?

...


Frio da existência


Neste quarto fechado, rodeado de paredes tingidas de sangue; Alguém esfrega as mãos no rosto... cansado. Seus olhos molhados pelo tempo percorrem a extensão do lugar. Ele pisca algumas vezes, parece não acreditar... a criança dentro de si ainda implora por brincar. As paredes de portas fechadas se contorcem. As maçanetas estão destruídas. Por um tempo fora de si mesmo, onde o vento possui cores. Onde já não se pode viver. A mancha na parede do tempo, exposta como uma doença contagiosa, sufoca seus sentidos. E a voz que sai por detrás dela, te faz chorar lágrimas de revolta, pela saudade sentida, pela morte não compreendida. Por toda confusão desmedida.

(Mariana Montilha)