quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Isso tudo que dói.

Em um mundo fantástico, de fantasias amarelas, todos sorriem, quanta alegria em cada centímetro de sentimentos colonizados. Todos gritam de dor, em tom ameno, de forma muda. As estrelas apagadas de um céu negro caem como gotas... Escorrem como lágrimas. E nenhum de nós se olhou no espelho novamente, por medo de ver as lágrimas que caíam de forma desesperadora. Mas as formas passadas de interação constante com o mundo exterior, perduraram. Como facas afiadas. E lá vamos nós de novo, fingir que nada aconteceu, que tais coisas não machucam a ninguém.

(Mariana Montilha)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Encenação da Mente.

A escuridão que domava o quarto era somente barrada por uma fresta de luz que vinha de baixo da porta. A imensidão negra abalava qualquer alma que ali se encontrasse. Até os sonhos que ali estivessem eram mortos, sem qualquer piedade.
O carpete preto no chão era incapaz de transmitir qualquer sinal de piedade.
O homem que ali se encontrava, estirado no chão frio de mármore, à poucos centímetros do carpete puído, olhava as estrelas inexistentes em um teto alto, cheio de mofo. Ele gritava, chutava e se sacudia dentro de sua mudez eterna. Aparentando a perfeita sintonia de um mundo de calmaria, só deixando transparecer em seu olhar, sua profunda tristeza. Ele ouvia o barulho do metrô. Seu coração palpitava em ritmo acelerado.
Ali, estendido no chão, ele assistia, em sua mente inconstante, a vida passar. A felicidade, a calmaria, a paixão, o horror.
A luz acendeu. Acenderam a luz. O quarto se iluminou. Agora era possível enxergar a vida real. Os armários, as estantes, os livros enfileirados, ordenados alfabéticamente. Restos de comida pelo chão. Poeira por todo lado. As coisas tomaram seus lugares. Menos ele. Incapaz de se mover, incapaz de ver a luz, continuou ali. Para Sempre.

(Mariana Montilha)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ela se...

Ela está perdida. Ela é um monstro enclausurado. Ela gritou e fugiu... não tão rápido. Ela perdeu as esperanças. Afogou-se em seu túmulo de tristeza. Ela consumiu sua memória, construiu sua história. Ela pulou do prédio mais alto. Ela sucumbiu às suas ideias. Ela demonstrou medo, ela demonstrou horror.
Ela chorou a noite toda, ela não dorme há um mês. Ela dançou a música toda, ela gritou o tempo todo, ela não parou a noite toda. Ela não se importa mais, ela se esqueceu de viver. Ela se esqueceu de conformar-se. Ela esqueceu de sua luz. De sua morte e sua vida.
Seu coração já não bate. Seus sonhos já não existem. Quais são seus medos? Ela não sabe. Ela é boa, ela é má. Ela já não lembra mais.

(Mariana Montilha)

domingo, 13 de setembro de 2009

Qualquer morte assoladora.

Você se debate. Você corre e não se afasta. Você grita, você chora. Seu desespero polui cada centímetro de ar inalado. Ninguém te vê, ninguém te escuta. Você se esconde e chora de medo, mas quem se importa? O sol começa a se pôr. A noite envolve os medos, a escuridão assombra qualquer coisa que lhe apareça. Seus sonhos ruins retornam. Você volta a se debater. É aterrorizante. O expresso passa, não se sabe para onde. Qualquer caminho, qualquer lugar. De onde veio, para onde foi. Já não se sente, já não se ouve. Qualquer que seja a razão... não importa.

(Mariana Montilha)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Esquecimento.

Ela deu as costas para você de novo,
Veja seu caminhar, ela não se importa.
Seus falsos sorrisos nunca a completaram.
Suas doces e falsas palavras sempre a infectaram.

Não existe mais certo ou errado,
Qualquer que seja sua postura,
Não há escapatória.
Não há chance de esquecer sua história.

Ela caminha ao longe,
Para mais distante de você.
O som de seus passos ecoa no chão de areia,
Ela deixou a marca de seu passado.

O vento colorido que toca seu rosto,
O redemoinho que ajeita suas roupas.
Ela vai sobreviver, você sabe.
Ela sempre foi a mais forte das mulheres.

Ela deu as costas para você de novo,
Cada passo a separa de um mundo sem cor,
Para uma existência em giz de cera roído.
Olhe como ela anda, você a verá de novo.

(Mariana
Montilha)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Anacronismo crônico - um pouco de nada.

"Correndo entre as valas de muros altos que alcançam um céu nublado, pichados por sentimentos rasgados, arranhados por sentimentos pintados. Pedras brilhantes em um chão de marfim contorcem-se em uma dança de vida e morte. Guiada pela escuridão, a vala pára em um campo de magia.
Um pouco da loucura, um pouco do vazio, um pouco do sempre, um pouco do tudo, um pouco do nada."

(Mariana Montilha)

Anacrônico.

Subindo pelas paredes,
Em cada centímetro do centro do mundo;
Onde quer que você esteja.

Olhe para mim,
Olhe para meus olhos.
Sentimentos falsos não completam.

Suba pelas paredes novamente,
Seu desespero sempre estará em seus olhos.

Você é um boneco empalhado,
O espantalho da plantação.
Sua tristeza toca o solo,
Espalhando-se pelo chão.

Rastejando pelo chão,
Sem qualquer ar de suficiência,
Você se completa em si mesmo.

Olhe ao redor, veja seu mundo,
Bem-vindo de volta.
Você se encontra em sonhos
Tingidos de sangue humano.

(Mariana Montilha)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Páginas e contornos

Escrevendo a vida em papel machê;
Contornado por riscos coloridos,
Que compões um desenho amassado pelo tempo.

Em letras engarrafadas,
Manchado por uma vida não vivida,
Sustentando-se em um eternidade de mentiras,
Corroída por um tempo de vida.

O contorno sustentado por ninguém,
As chamas que corroem,
As chamas que
destróem,
Sem alma, sem valor.

Em um canto rasgado,
Sentimentos de culpa se entrelaçam.
Dando-se a nota necessária,
Para um mundo encantado.

O que o sustentava foi abalado,
Sua caixa preta foi forjada,
Um risco fora d lugar,
Um destino tricotado.

(Mariana
Montilha)