quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Encenação da Mente.

A escuridão que domava o quarto era somente barrada por uma fresta de luz que vinha de baixo da porta. A imensidão negra abalava qualquer alma que ali se encontrasse. Até os sonhos que ali estivessem eram mortos, sem qualquer piedade.
O carpete preto no chão era incapaz de transmitir qualquer sinal de piedade.
O homem que ali se encontrava, estirado no chão frio de mármore, à poucos centímetros do carpete puído, olhava as estrelas inexistentes em um teto alto, cheio de mofo. Ele gritava, chutava e se sacudia dentro de sua mudez eterna. Aparentando a perfeita sintonia de um mundo de calmaria, só deixando transparecer em seu olhar, sua profunda tristeza. Ele ouvia o barulho do metrô. Seu coração palpitava em ritmo acelerado.
Ali, estendido no chão, ele assistia, em sua mente inconstante, a vida passar. A felicidade, a calmaria, a paixão, o horror.
A luz acendeu. Acenderam a luz. O quarto se iluminou. Agora era possível enxergar a vida real. Os armários, as estantes, os livros enfileirados, ordenados alfabéticamente. Restos de comida pelo chão. Poeira por todo lado. As coisas tomaram seus lugares. Menos ele. Incapaz de se mover, incapaz de ver a luz, continuou ali. Para Sempre.

(Mariana Montilha)

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